Com o agravamento do quadro gerado com a pandemia, é comum dizer-se que estamos todos – o mundo todo – a enfrentar algo semelhante a uma guerra. E de fato há certas similitudes, sobretudo quanto ao número de mortes, além de hospitais lotados, tanto como ocorreu na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, em um quadro de inaudita calamidade, em especial no Brasil.
Por isso a leitura da mais importante obra do autor austríaco, KARL KRAUS, “Os Últimos Dias da Humanidade”, será bastante oportuna nestes infelizes tempos em que vivemos.
No prefácio dessa obra, lê-se:
“A ação, que nos transporta a um cento de cenas e infernos, é inconcebível, retalhada, sem heróis (…). O humor não é senão a acusação lançada a si próprio por alguém que não enlouqueceu à ideia de ter suportado testemunhar as coisas deste tempo no seu perfeito juízo. Além dele, que transfere para a posteridade a vergonha de em tal ter tido parte, ninguém mais tem direito a esse humor. Os contemporâneos, que consentiram que acontecesse o que aqui fica registrado, renunciem ao direito de rir, em prol do dever de chorar”.