Há várias estratégias de que se utiliza a elite dirigente (a da classe econômica) para tentar impor o candidato de sua preferência (de uma preferência determinada por seus interesses econômicos). Como é o povo que vota, e não os integrantes da classe da elite dirigente, é necessário que esta convença o povo de que aquele candidato, o que a elite econômica escolheu, é o melhor. Técnicas adotadas para o marketing e publicidade comercial são transpostas para o mundo político, pois que se trata de convencer o eleitor de que o candidato escolhido pela elite econômica será bom para o povo.
Ao longo do tempo, essas estratégias de marketing e de publicidade modificaram-se e se aprimoraram. Se considerarmos o que fora feito na campanha de COLLOR nos anos noventa, veremos como eram técnicas ainda embrionárias, as quais basicamente adotavam a televisão como o mais importante meio de convencimento do povo. Àquela altura, bastava dizer que o candidato andava de “jet ski”, e que havia “caçado” alguns marajás, para iludir e convencer o povo de que aquele candidato o representava.
Hoje as coisas são mais difíceis. A televisão aberta está por desaparecer como modelo de negócio, como comprovam os índices de audiência. E a credibilidade dos telejornais nunca foi tão baixa.
Daí ter o marketing e a publicidade descoberto que é necessário escolher um candidato que seja famoso e conhecido antes mesmo de ser candidato. E mais, é necessário mostrar-lhe ao povo como um “intelectual”, que conversa em nível de igualdade com intelectuais e pensadores, como se o candidato, ele próprio, pertencesse à “intelligentsia”, ao mundo acadêmico, pois. Para isso, basta apresentar o “apresentador” candidato fazendo uma entrevista com um intelectual ou pensador, fazendo perguntas de grande conteúdo, como se em um passe de mágica, de apresentador de televisão o candidato tivesse se transformado em um intelectual, do mesmo nível do entrevistado.
Falar de democracia, como se fosse um NORBERTO BOBBIO ou um GIOVANNI SARTORI; falar de ciência política e do poder, como se fosse um MICHEL FOUCAULT; falar de filosofia política como se tivesse se transformado em uma HANNAH ARENDT ou em um ISAIAH BERLIN. Essa é a técnica moderna do marketing político, adotada para iludir e enganar o povo.
Claro que essa técnica corre um risco: o de que a população exija que o apresentador de televisão, para comprovar seu imenso talento acadêmico, faça as entrevistas com os intelectuais ao vivo, sem poder se socorrer dos “estudantes universitários”.