Em “Feiras e Mafuás”, reúne-se um conjunto de artigos e crônicas escritos por LIMA BARRETO, em que o genial escritor reflete sobre os problemas de seu tempo, muitos dos quais de nosso tempo, como é o que diz respeito a ânsia que todo brasileiro tem pelo poder, especialmente quando o tem de fato e de direito.

Na crônica que tem o título “O Encerramento do Congresso”, escreveu LIMA:

Todos nós falamos mal dos nossos senadores e deputados; todos nós os apelidamos o mais atrozmente; mas quando o congresso se fecha, há um vazio na nossa vida comum e nos enchemos de pavor.

Todo o brasileiro nasceu mais ou menos para ser um tiranozinho em qualquer coisa, e é feito guarda civil ou ministro da Justiça, cabo de destacamento ou chefe de polícia, guarda fiscal ou presidente da república – trata logo de pôr pessoalmente em ação a autoridade de que está investido pelo Estado místico.

Então, quando é presidente da república, é que se vê bem o que pensa sobre princípio da autoridade, um brasileiro qualquer de Uruburetama ou Perdizes, afinal de qualquer lugarejo por aí. Apossa-se dele logo um delírio cesariano e a sua autoridade que é limitada e contrabalançada, ele a transforma em ilimitada e sem peias, tal e qual a de um Tibério, a de um Nero ou a de um Calígula. Não têm nunca a marca de grandeza os seus desvarios de poder; são chatos, são medíocres; mas é que eles não são Césares e nós o Império Romano. (…)”.

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