ELIAS CANETTI, búlgaro, romancista e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1981, embora mais conhecido por suas obras de ficção, escreveu um excepcional ensaio a partir de uma experiência que tivera quando, caminhando pelas ruas, deparou-se com uma torcida de futebol a caminho do estádio, despertando-lhe a ideia de analisar, dentro de um domínio que seria próprio da Sociologia Geral, por quais transformações o ser humano passa quando integra uma massa. O resultado desse ensaio constitui o livro “Massa e Poder”, que está traduzido para o português (tradução por Sérgio Tellaroli, Companhia das Letras).

Esse livro foi publicado originariamente em 1960, e CANETTI demonstrou seu tom profético, ao lobrigar o que ocorreria quando o fenômeno da massificação viesse a se tornar mais intenso. Falecido em 1994, não viveu o suficiente para acompanhar o que constituem hoje as redes sociais, mas de algum modo lobrigou que elas poderiam ser criadas, dada a percepção de que o ser humano é inclinado para integrar uma massa, sobretudo aquelas a que cuidou denominar de “abertas”, acerca das quais escreveu:

A massa aberta é a massa propriamente dita, que se entrega livremente a seu ímpeto de crescimento. Uma massa aberta não tem uma ideia ou sensação clara de quão grande poderá vir a ser. Ela não se atém a nenhum edifício que conheça e deva preencher. Sua medida não se encontra fixada; ela deseja crescer até o infinito, e aquilo de que precisa para tanto são mais e mais pessoas”. (Massa e Poder, p. 19).

O que são as redes sociais, senão que massas abertas, cujo objetivo único é crescer e crescer …

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