Há alguns dias, acerca da notícia de que o escritor e bibliófilo argentino, ALBERTO MANGUEL, resolvera doar a uma instituição pública de Portugal a sua vasta e rica biblioteca, comentámos que isso empobrecia cada vez mais o acervo cultural da América Latina.
O mesmo se pode dizer, pois, do acervo do arquiteto brasileiro, PAULO MENDES DA ROCHA, que, em 2006, venceu o prêmio “Pritzker”, que é o principal prêmio mundial na área da Arquitetura.
MENDES DA ROCHA, com efeito, decidiu doar seu acervo, composto por cerca de 9.000 itens, para uma instituição também de Portugal, embora nesse caso uma instituição particular.
Assim é que brasileiros e argentinos que queiram conhecer e pesquisar os maravilhosos acervos de MANGUEL e de MENDES ROCHA, terão que ir a Portugal.
Se buscarmos as razões lamentáveis a fatos como esses, teremos que tomar em consideração que governos que não prestigiam a cultura em geral (aí compreendidas a literatura, a técnica), como é bastante comum na América Latina, têm um peso fundamental na decisão adotada pelo escritor argentino e pelo arquiteto brasileiro.
Como sintetizou o professor JOSÉ LIRA, entrevistado pelo jornal “Folha de São Paulo”, trata-se de uma “erosão cultural”. Não é necessário dizer mais nada.