Há escritores que impõem ao leitor um ritual de passagem. É o caso de JAMES JOYCE. Com efeito, para que o leitor consiga ler “Finnegans Wake”, JOYCE o obriga a ler antes, em uma obrigatória sequência, seus contos de estreia, “Dublinenses”, sem o que leitor nunca chegará a se habilitar a ler “O Retrato do Artista Quando Jovem”, e muito menos “Ulisses”.

E a razão da existência desse ineludível ritual de passagem radica no se tratar JOYCE do primeiro escritor que, em suas obras, utiliza a palavra como ela própria e não como a expressão de uma realidade subjacente. A realidade é a própria palavra, aliás pela palavra transformada. Essa técnica foi criada, estruturada e aperfeiçoada por JOYCE ao longo de seus livros, e assim o leitor terá que se familiarizar com ela, antes de a compreender.

Pode-se, ousadamente, dizer que há ainda um outro ritual de passagem a que o leitor terá que atravessar para chegar a “FINNEGANS WAKE”. Terá que começar com BAUDELAIRE na poesia, chegar a PROUST na prosa, para, então, credenciar-se a ler JOYCE. É  que a realidade vai sendo experimentada de muitas maneiras, até chegar a seu absoluto com JOYCE na utilização da palavra como realidade.

DUBLINENSES, pois, constitui uma leitura obrigatória ao leitor de JOYCE.

 

 

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