Episódios como o ocorrido na cidade de Santos, envolvendo um desembargador que, conforme imagens amplamente divulgadas, recusou-se a assinar uma autuação que lhe foi aplicada por um agente público, além de ofendê-lo, causam evidente impacto na visão que a sociedade tem dos nossos juízes em geral (incluindo aí os desembargadores e os ministros de tribunais superiores), o que explica, em boa medida, as fortes críticas refletidas nos resultados de pesquisas realizadas sobre a imagem que o cidadão tem dos integrantes do Poder Judiciário, o que é grave na medida em que diz respeito à relação de confiança que a sociedade deve depositar em seus juízes.

Demonstram essas pesquisas que é bastante acentuado em nossa população o sentimento de que os integrantes do Poder Judiciário não se sentem como participantes comuns da vida social, porque a função que exercem os tornariam de de algum modo privilegiados, e imunes ao cumprimento de leis que obrigariam apenas o cidadão comum.Como dizia Edmund Burke, político e filósofo irlandês, quanto maior é o poder, mais perigoso é o abuso.

É importante registrar que esse fenômeno está arraigado em nossa sociedade. Basta percorrermos a obra de nosso genial LIMA BARRETO para encontrarmos referências a respeito.

Corretamente, e de resto cumprindo a lei, o CNJ avocou  todas as apurações acerca do fato envolvendo o desembargador, concentrando-as  em um só procedimento, que deverá observar a publicidade e a isenção no julgamento, visto que a matéria é de interesse de toda a sociedade brasileira.

Quiçá o episódio sirva para uma mudança de paradigma social no que envolve a atuação dos juízes enquanto simples cidadãos.

 

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