Para o historiador e especialista na história do Brasil, CARLOS FICO, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o poder civil nunca se consolidou no Brasil, de modo que o poder militar, desde a restauração do governo civil, continuou a exercer um significativo controle, atuando, segundo ele, como uma espécie de poder moderador: “Não estabelecemos, no Brasil, uma completa proeminência do poder civil sobre os militares. Eles se consideram superiores, uma espécie de poder moderador, que teriam direito de intervir na sociedade”. 

Ocorre pensar se não são os militares, mas uma parte da elite econômica, banqueiros e empresários sempre ligados ao poder civil,  que exercem, de fato e de direito, o controle do poder no Brasil. Se recuarmos a 1987, ou seja, ao tempo em que se discutia aquilo que viria a se tornar a Constituição de 1988, constataremos, em um grande número de situações, como a elite econômica impôs a sua vontade, como, por exemplo, quando “determinou” que o parágrafo 3o. do artigo 192 da CF/1988, a regra que fixava em 12% as taxas de juros, jamais entrasse em vigor, o que efetivamente sucedeu, ou como agiu para obstar qualquer avanço em projeto de lei que instituísse o imposto sobre grandes fortunas, conquanto o artigo 153, inciso VII, da CF/1988 tenha instituído esse importante imposto, destinado a diminuir as desigualdades econômicas.

E quanto ao impeachment da presidenta Dilma, afastada do cargo em virtude de irregularidade contábil, há dúvida quanto ao interesse da elite econômica?

Será, pois, que os militares, de 1985 a 2020, exerceram ou exercem algum poder significativo no Brasil? Quem se aventurar na leitura dos cansativos Diários do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em quatro volumes, e buscar, ainda que no índice remissivo, referências a atuação dos militares na vida pública do Brasil, perceberá quão insignificante foi esse papel, ao contrário da elite econômica.

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