“Nós os ‘hodiernos’, diz HOLDERLIN, somos ‘muito mais experientes’ no sentido do conhecimento científico, mas com isso perdemos a capacidade de percebermos as coisas, a natureza e as relações humanas em sua plenitude. Perdemos o ‘divino’, o que significa, o ‘espírito’ afastou-se do mundo. Nós nos submetemos à natureza, o ‘periscópio’ penetra nas distâncias mais remotas do cosmos, e com isso ‘apressamos’ o ‘começo solene’ do mundo aparente. ‘Fizemos cordames’ com os ‘laços amorosos’ entre natureza e ser humano, ‘zombamos’ das fronteiras entre humano e natural. Tornamo-nos um ‘geração esperta’ que ainda por cima se orgulha de poder ver as coisas ‘nuas’. E assim não ‘enxergamos’ mais a terra, não ‘escutamos’ mais os pássaros e a linguagem entre os homens ficou ‘ressequida’. Tudo isso significa em Hördelin a ‘noite dos deuses’. Significa pois perda do sentido imanente e força de irradiação das condições do mundo e das relações humanas”. (biografia de HEIDEGER, sobre Hördelin, poeta alemão, SAFRANSKI).