A História nos conta que o Nazismo surgiu devido a dois fatores principais: a um abismo político a que a Alemanha chegara desde 1920 e, sobretudo, a um aumento acentuado da pobreza. Nesse contexto político-econômico, forças democráticas viram a sua expressão política diminuir a ponto de se tornarem insignificantes, criando o ambiente favorável a que um regime totalitário se instalasse, como efetivamente ocorreu com Hitler.
Daí a redobrada preocupação que devemos ter com a mantença de nosso Estado de Direito, dada a magnitude da crise econômica diretamente provocada pelo “Coronavírus”, cujos resultados já impressionam. Basta que consideremos o número de desempregados, além da projeção de que esse número aumentará sensivelmente nos próximos meses, sem contar no risco de que muitas das pessoas infectadas comecem a morrer nas ruas, sem qualquer atendimento médico por nosso de há muito combalido sistema único de saúde, de cuja existência os governantes somente se lembraram agora, quando estão sob a ameaça de enfrentarem uma convulsão social, de efeitos e consequências imprevisíveis.
Quanto ao ambiente político, se é certo não estamos ainda diante de um fenômeno que a Ciência Política caracteriza como um “abismo” ou “vácuo” do poder político, também é verdadeiro afirma que o choque cada vez mais frequente entre os Poderes pode chegar a um situação crítica.
De modo que aqueles fatores que, segundo a História, criaram o ambiente favorável ao surgimento do nazismo, poderão estar presentes em nossa realidade, e será necessário que façamos o possível para proteger o Estado de Direito que a Constituição de 1988 moldou.
Muito oportuna, pois, a advertência de nosso imortal, HUMBERTO DE CAMPOS: “A democracia, que à distância parece um monumento, é, de perto, um frágil barracão imenso, feito de sarrafo e besuntado de vermelhão. Dentro, alguns palhaços, ganham a vida, e o povo aplaude a pantomima, faminto e encantado. Qualquer dia o barracão pega fogo”. (HUMBERTO DE CAMPOS, Diário Secreto).
