O filósofo ISAIAH BERLIN, ao escrever sobre a “liberdade positiva e negativa”, traçou um critério seguro para que possamos identificar o fanatismo. Analisando a liberdade, disse BERLIN que ela constitui um valor que a todo tempo está a conflitar com outros valores, e que isso exige uma escolha; logo, um sacrifício. O fanatismo não aceita realizar essa escolha, como não aceita o sacrifício que essa escolha envolve, porque não reconhece a existência de um outro valor que não seja o valor que esteja a defender.

A tolerância, que o Estado de Direito democrático define como norma nuclear (e a nossa Constituição de 1988, ao consagrar a liberdade em suas várias acepções, como, por exemplo, a liberdade de imprensa e de opinião, reconhece a tolerância e a protege juridicamente  como tal), impõe  que façamos, com acentuada frequência, a escolha entre valores que estejam em conflito, e que para isso devemos nos valer da ponderação, que é a utilização da razão como critério seguro para decidir que valor, em determinadas circunstâncias, deverá prevalecer, quando  não é possível harmonizá-lo com outro valor.

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