Publicamos ontem, em nosso site, artigo em que tratamos da figura do “Juiz-Burocrata”, cuja existência não se deve ao Código de Processo Civil de 2015, que antes desse código entre nós já vicejava, mas que recebeu acentuada força por esse novo diploma processual, que ao criar ou fortalecer instrumentos como o do incidente de resolução de demandas repetitivas e da repercussão geral, dá azo a que boa parte dos juízes transformem-se em mero repetidores das decisões que os tribunais emitem. Naquele artigo, traçamos um paralelo com o que também sucede com a Igreja, em que o padre-burocrata foi magistralmente delineado por EÇA DE QUEIROZ. Aqui reproduzimos uma passagem de um grande amigo de EÇA, que foi RAMALHO ORTIGÃO, tratando do mesmo tema, ou seja do padre que executa burocraticamente as atividades de seu ofício:

Um padre indiferente é uma aberração fatal ao equilíbrio das opiniões. A sociedade na sua elaboração filosófica parte do princípio que existem ainda religiões com homens sinceros e fervorosos que as sustentam e defendem. Os sacerdotes indiferentes, em qualquer igreja, em qualquer comunhão, em qualquer seita que eles existam, comprometem os dados do problema e contribuem, mais perigosamente que todos os ateus reunidos, para materializar as soluções”. (As Farpas, vol. V, p. 60/61).

Não poderíamos falar o mesmo do juiz-burocrata?

 

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